Apresentada durante a 8ª Legislatura da Câmara Jovem, em 2024, a proposta que estende o Projeto “Memórias em Rede” para todas as escolas municipais foi aprovada pela Câmara de Santos e está próxima de se tornar uma política pública.
Inspirada na proposta da jovem vereadora Karolyne Fernandes Lira da Silva, aluna do Instituto Devir Educom, a vereadora Renata Bravo (PSD) apresentou o Projeto de Lei nº 37/2025, que propõe instituir o “Memórias em Rede” nas Unidades Municipais de Ensino (UMEs). O projeto foi aprovado por unanimidade na 66ª Sessão Ordinária da Câmara de Santos, no dia 6 de novembro.
Estão previstas oficinas de escrita criativa, fotografia, rádio, vídeo e mídias sociais, com foco na atuação dos estudantes como “repórteres” de suas próprias realidades e contextos, além de rodas de conversa, debates, coletivas de imprensa e atividades externas que possibilitem o desenvolvimento de habilidades de escuta, trabalho em equipe e respeito à diversidade de opiniões.
Segundo o projeto de lei, as chamadas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) serão utilizadas “para o exercício da cidadania, com ênfase no consumo e uso responsável das plataformas midiáticas”.
Nome escolhido em votação
O “Memórias em Rede” tem como objetivo promover a educomunicação e o jornalismo, a tecnologia social da memória, a educação midiática e a formação cidadã e em direitos humanos. “A nossa sociedade é muito adultocêntrica, e o projeto ajuda a entender, respeitar e validar a voz da infância e do adolescente” diz Andressa Luzirão, jornalista, educomunicadora, pesquisadora e cofundadora do Instituto Devir Educom.
Os primeiros passos do projeto remontam ao período entre 2012 e 2014, quando Andressa ministrou oficinas de comunicação voltadas a adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade social atendidos pelos Centros da Juventude de Santos, então vinculados à Secretaria de Assistência Social, hoje Secretaria de Desenvolvimento Social.
Em 2017, durante um curso de educomunicação, Andressa reapresentou a proposta, que foi acolhida por um grupo de participantes, convidando algumas pessoas para colaborarem na estruturação do projeto.
Após esse processo, a equipe do Instituto Devir Educom levou a iniciativa à Secretaria de Educação de Santos (Seduc), que indicou duas Unidades Municipais de Ensino (UMEs) para o projeto piloto: UME Avelino da Paz Vieira e UME Mário de Almeida Alcântara. Durante essa fase inicial, os estudantes participaram de uma votação para escolher o nome do projeto, e assim nasceu o “Memórias em Rede”.
Alunos veteranos
O projeto atende prioritariamente os alunos do Ensino Fundamental II das escolas municipais. De acordo com Andressa, além das duas UMEs onde foi implantado como projeto piloto, o “Memórias em Rede” é desenvolvido também nas UMEs 28 de Fevereiro e Cidade de Santos. O projeto funciona ainda na Casa Vó Benedita, uma instituição de educação não formal.
Com a aprovação do PL, a expectativa é que o projeto chegue a mais escolas. “Nesse processo, [esperamos que] a gente possa trazer os nossos alunos veteranos que participaram e continuam participando do projeto, mas num numa etapa mais avançada”, diz Andressa. “Abrimos o campo de trabalho também para esses jovens, para que eles possam atuar com a gente na equipe, multiplicando as experiências deles, multiplicando a nossa metodologia.”
Antes de propor a transformação do projeto em política pública, Karolyne Fernandes Lira da Silva viveu a experiência do “Memórias em Rede” como aluna da UME 28 de Fevereiro, onde também conheceu a Câmara Jovem.
“Nunca busquei apresentar uma grande quantidade de projetos, sempre priorizei a qualidade, tanto que apresentei apenas dois projetos de lei na legislatura”, afirma a estudante. “Esse projeto virar política pública não é um mérito só meu e da [vereadora] Renata, mas também de todos os Jovens Vereadores e de todos os estudantes do Projeto Memórias em Rede”.
(*) Fotos: Instituto Devir Educom e Câmara de Santos